segunda-feira, 25 de abril de 2011

Você já era!

Desde o episódio da boate, quando o Rafael me viu beijando outro cara, ele se mostrou bastante insistente e sempre me convida para sair. Eu sempre recusava, não por querer me fazer de difícil, mas por não saber o quão “forte” eu estava para encarar essa situação.
Inventei várias desculpas, dei alguns bolos, não respondi algumas mensagens e percebi – cada vez que acontecia alguma dessas coisas – que não estava mais tão abalado. Era hora de aceitar o convite. Disse que a gente poderia tomar uma cerveja juntos, mas que, naquele dia, eu não estava muito afim de boate, como ele propôs.
O encontrei perto da casa dele. Logo que ele se aproximou, percebi que meu coração nem batia acelerado.
Ele logo quis saber sobre meu “namoradinho”, o menino que estava comigo na boate. Pensei em dizer que ele ainda não era meu namorado, e mentir que estávamos nos vendo e nos curtindo. Não sei por que, mas a idéia passou tão rápido quanto surgiu. Acabei dizendo a verdade: eu nem sabia o nome do menino.
Já sentados num bar, ele começou a falar sobre o seu namoro. Disse que terminaram e que não ficou tudo bem entre eles. Saíram da relação com raiva (mais da parte do namorado do que dele!) e que, por enquanto, ele não queria namorar outra vez. Mas, para compensar, estava “curtindo” com vários outros caras por aí.
Disse que quando terminou, ele ficou mal e chorou por três dias. Me segurei pra não dar uma gargalhada e gritar bem alto: “bem feito”.
O Rafael disse que o problema é que eles foram muito rápidos. Pouco tempo de namoro e eles já estavam morando juntos. Eu perguntei algumas coisas sobre isso e, nessa hora, eu percebi que
Você era um colírio pros meus olhos.
Pedi duas gotas. Só duas gotas!
E devolvi em lágrimas.

Você era a cara do meu destino
E não passou de um pedaço de mau caminho.
Você tinha tudo pra ser minha fonte de inspiração
E virou a canção das escolhas erradas.
Das escolhas... erradas!

Você era o meu parque de diversões
E acabei levando trabalho pra casa
Você tinha tudo pra ser minha fonte de inspiração
E virou a canção das escolhas erradas
E virou a canção das escolhas erradas
Das escolhas... erradas!

Ele começou a me contar que, no início do namoro, ele não estava muito empolgado com o rapaz. Mas o rapaz, por sua vez, se mostrava super apaixonado.
- (...) Só que eu precisava de alguém pra dividir as contas! Morar sozinho não é fácil, tinha muita despesa. Então eu propus a ele que fosse morar comigo, pra me ajudar nas despesas da casa... – ele disse, antes de acrescentar que seu objetivo não era que eles passassem a viver como em um casamento.
Eu desacreditei que tinha ouvido aquilo.
Por uns segundos, jurei ter sentido meu estômago se embrulhar. Uma sensação de desprezo, nojo ou sei lá o quê! Até onde ia o egoísmo do Rafael? Não me agüentei e o interrompi.
- Me faz um favor? NUNCA mais faça isso com uma pessoa! Comigo você fazia mais ou menos assim. – eu disse.
E contei a ele, mesmo sem querer, que ele foi, até então, a pessoa de quem eu mais tinha gostado. Mesmo que a gente não tivesse tido nada sério, era ele minha referência. E eu nunca escondi isso dele.
Continuei:
- Quando uma pessoa está apaixonada por você, tudo fica mais grave. A gente não percebe as coisas. Um beijo pode ser só um beijo para você. Pra mim, era uma esperança. As transas casuais que a gente teve, os convites para o cinema, as piadas, as brincadeirinhas, tudo isso era uma esperança! Me imagino no lugar do seu namorado, e percebo o quanto ele não teria ficado feliz em receber um convite para morar junto com você. A única coisa que ele não pensou, é que você queria a companhia dele apenas para dividir os gastos...
Depois que disse isso, me senti meio neurótico por ter realmente tido esperança em cada atitude das que eu citei. Disse a ele que conversasse com os possíveis namorados que ele pudesse ter e que não tivesse mais atitudes como aquela.
- Hoje – continuei – percebo que se eu tivesse entendido a sua intenção comigo desde o início, poderíamos ter nos divertido muito. Desde que eu aceitasse as coisas como você queria.
- Mas eu nunca te disse que queria namorar com você – ele argumentou.
- Mas também nunca disse que não queria! De alguma forma, isso mantinha minha esperança viva – concluí.
Vi que não valia a pena continuar insistindo nessa conversa. Ele seria a mesma pessoa egoísta que sempre foi e que eu nunca percebi. Completamente confiante em si e que continua manipulando a mente das pessoas “psicologicamente instáveis”, como ele dissera. Grande merda ser um psicólogo assim. Que se acha tão “foda” no que faz, mas que não percebe o quão desprezível ele é como pessoa.
Ele calou por um tempo.
Espero que tenha, pelo menos, refletido sobre o que conversamos. Eu fiquei indignado. Fiquei com pena de seu ex-namorado (que até umas semanas antes, eu via como um grande “rival”).
Os assuntos voltaram a ser assuntos menos importantes. Música, cinema, clima, Carnaval, faculdade... Tudo bem superficial. Mas eu estava bem puto!
- Já que agora ficou tudo esclarecido, e que eu sei que você só quer curtir comigo, a gente bem que podia ir pra um motel fazer um sexo bem selvagem, hein? – eu disse.
Ele olhou surpreso. Eu sorri e acrescentei:
- Tô indo embora! Garçom, traz a conta, por favor?!
Quando me despedi dele, não tive reação nenhuma. Não saí de lá triste, nem feliz. Acho que não tive reação.
Desde lá eu não tenho muita vontade de reencontrá-lo, nem de perder mais do meu tempo com ele. Mas, confesso, novamente, eu me senti por cima. Me fez bem que ele veja que eu não sou mais o mesmo de antes. Você já era, Rafa!
Até a próxima!

7 comentários:

Henrique Sheperd disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ThinkerBoy disse...

Cara,

Leio o seu blog já faz algum tempo e fico feliz que esteja tão bem assim. Já passei por momentos ruins assim e acredito que todos já tenham. Mas conseguir superar tudo da forma que você superou até parece coisa de filme! Esse foi o meu primeiro comentário e espero que traga mais posts para poder comentar mais.

Abraços.

FOXX disse...

já era?
faz mais de 3 anos que vc ficou a primeira vez com ele
e "já era"?

acho q tá mto mais pra "já vai tarde"

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Os anos passam e os SERES humanos não evoluem nada. Inacreditável como existem pessoas assim. Parabéns por sua atitude ... como bem diz o Fox "já vai tarde".

bjão

Arcanjo Misterioso disse...

Que bom que mesmo com o tempo percebemos quando uma pessoa vale menos que pensamos que vale. Ainda bem que também acabei abrindo os olhos com uma certa pessoa...

Faço das palavras do Foxx as minhas... "Já vai tarde..."

Rajeik disse...

Reviravolta, talvez é o que resume esse fato ae.
Engraçado né? Ficar forte e talz.
É, um dia é da caça e outro do caçador, já diz o ditado.

Gostei =D

Seriam disse...

Olá, vim retribuir a sua visitinha, e é claro aproveitei pra ler alguns posts. O "Já era" é ótimo, dá uma sensação de leveza, nos deixa bem e nos impulsina pra frente. Parabéns, viu, a fila anda ... e eu digo mais ... "a fila anda e povo é apressado" rs.
E sobre o texto que vc leu em meu blog, e perguntou se podia passar á frente, a resposta é: CLARO Q SIM rs ... só deixa meu lindo e inusitado nomezinho nele rs

Bjo