quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Desejo satisfeito... ou não

Belo Horizonte, 31 de janeiro de 2008


A gente se conheceu por acaso, quando um amigo conversava comigo pelo messenger e o colocou na conversa. Eu insistia em saber quem era o tal que tinha entrado na conversa, mas meu amigo não dizia nada. Ele também, nada dizia. De repente mandou essa mensagem: “Quem eh vc?” e eu respondi: “Sou o namorado dele, por que?”. Ele saiu da conversa. Eu fiquei com vergonha.
Vi que tinha um recado dele no meu orkut, dizendo que não se importava com isso, que não tinha vergonha, que me respeitava e etc. Respondi o scrap dizendo que era uma brincadeira, e que eu era só amigo do cara.
Nos adicionamos no messenger. Logo de início me chamou de louco, pela brincadeira que tinha feito. Conversamos, rimos, falamos de nosso “amigo” em comum. Ele disse que tinha duas suspeitas:
1) o amigo não gostava muito dele, na verdade, eles foram colegas de trabalho;
2) o amigo era gay. Disso eu também suspeitava, aliás, tinha quase certeza.

Perguntou se eu também era. Disse que não. Ele duvidou e começou a fazer perguntas pra ver se eu me entregaria. Me contou que estava bêbado. E eu aproveitei: comecei a brincar e tentar confundi-lo. Às vezes dava a entender que era gay, outras vezes fazia o contrário. Ele se confundiu, realmente.
Na brincadeira, combinamos de sair pra beber alguma coisa.

- “Aí vc fica bem fácil?”, ele perguntou.
- “Depende, se vc tb estiver fácil...”
- “Cara, vc eh gay?”
- “Sou não!”
- “Eu sou. Na verdade eu sou bi... e fiquei afim de vc!”


O medo dele era de que esse nosso amigo ficasse sabendo. O meu era de que fosse um teste. Há um tempo vinha desconfiando que esse amigo estava sentindo inveja de mim, e queria, de alguma forma, encontrar alguma coisa errada comigo (história complicada, em outra carta eu conto).
Foram alguns dias até que um tivesse a certeza de que ele não saberia de nada.
Nos vimos, por acaso, num dia que eu estava com esse amigo e ele apareceu. Ele nos apresentou, relembrando o incidente do messenger, sem saber que a gente já estava num ritmo avançado de conversas. Até trocamos olhares, gestos, ele se aproximou de mim, falou perto do meu ouvido enquanto o amigo estava distraído com outra pessoa.

Em todas as conversas pelo messenger ele era carinhoso, dizia que tinha vontade de me beijar, que queria me ver logo... Até que um dia eu fiz uma coisa que mudou o rumo da história. Disse que se me apaixonasse, a culpa era dele.
Silêncio.

-“Vc pensa em namorar?”
- “Sinceramente. Não.”

Esta foi uma das nossas últimas conversas online. Eu entrava, ele saía. Quando perguntava alguma coisa, ele era monossilábico na resposta. Percebi que ele não queria mais. Começava ali mais uma decepção amorosa.
Passamos a ser dois estranhos. Quase nem conversávamos. Mas ainda tinha em mim a decepção por não ter dado certo. E, o pior, sabia que a culpa tinha sido minha. (The time is right/ Your perfume fills my head/ The stars get red/ And, oh, the night's so blue/ And then I go and spoil it all/ By saying something stupid like “I love you”).
Tive um pouco de ciúmes quando vi uma foto dele numa boate gay. Pensei que ele poderia ter me chamado pra ir com ele. (Outro grande defeito: Eu acredito que as pessoas não se esquecem de mim. Sei que a lembrança que deixo nos outros não é nada perto da que elas deixam em mim).
Passou-se muito tempo.
Nesse fim de semana, fui com meus amigos a uma boate. Estava dançando quando ele se aproximou de mim. Chegou fazendo graça, dizendo que não acreditava que eu estava ali. Conversamos, tentei dar uma descontraída, ficamos bem próximos, nos abraçamos, falamos ao pé do ouvido – até porque, é impossível conversar de outro jeito numa boate. Ele parecia estar bêbado. Me contou que perdeu o celular e que sempre vai naquela boate. Pensei em perguntar se podia beijá-lo, mas isso não se faz...
Nos beijamos. O beijo dele é delicioso, confesso. Nossas mãos percorriam os corpos em busca de algo. Achei o algo dentro de sua calça, e deixei minha mão por lá, sem pudor.
“Espera um pouco, que vou ao banheiro”. Sabia que ele iria procurar outra pessoa, mas me contive e não fui atrás. Eu não era nada dele.

E assim foi por toda a noite: um beijo, uma fugida, uma ignorada, outra fugida, outro beijo... Até que ele sumiu. Se mantinha sempre afastado de mim. Vi que ele beijou outro cara, também vi que o cara o dispensou logo em seguida. Fiquei um pouco decepcionado. Mas a felicidade por ter, finalmente, ficado com ele nem me fez ficar aborrecido.
No outro dia, no msn, esperei ele puxar assunto. Me falou da bebedeira, do celular perdido e de outras coisas da noite passada.
- “E nós dois hein? Finalmente ficamos! Por acaso, mas ficamos...” – disse
- “Pois é...”
Alguns minutos até que ele perguntar:
-“Aquele seu amigo que estava com vc ontem tem orkut?”
- “Tem”
- “Vou add ele no msn!”


Matei minha vontade!! Agora é com meu amigo...

4 comentários:

Rajeik disse...

Eu sei do que vc esta falando pois eu mesmo estava lá.

e vi sua cara de satisfação,fiquei muito feliz por isso...pegou ele hein pegador!!kkkkk

Pelo menos nem tudo esta perdido,talvez você nem fique com ele como namorado ou coisa do tipo..mas os momentos bons vc podera lembrar sempre!!
E é isso!!

Abração!!!

o/

Ainda mais por dentro...(rick) disse...

Huhuahuahua
seja bem vindo

Rajeik disse...

Cadê as atualizações?!!

Abração!

Anônimo disse...

LEGAL SEU BLOG, PARABENS E SEJA BEM VINDO!
QTO AO POST ESSAS HISTORIAS ME DEIXAM CADA VEZ MAIS DECEPCIONADO COM A PROMISCUIDADE DO MUNDO GAY!
JA PASSEI POR MUITAS CENAS COMO ESSA TIPO SERIADO "QUEER AS FOLK" MODALIDADE SEM COMPROMISSO!

ABRACO!