sábado, 18 de outubro de 2008

É preciso jogar os sonhos fora?

Belo Horizonte, 18 de outubro de 2008

Olá amigo, como está? Faz tempo que lhe escrevi pela última vez e sinto muito se te deixei curioso. Voltei pra terminar de contar o que aconteceu desde que falei pela primeira vez com o Rafael, o menino que conheci na boate.

Continuamos mantendo contato pelo telefone e pelo MSN. E, em uma dessas conversas, ele disse que não queria se envolver com ninguém, que havia saído de um namoro e queria aproveitar seus 23 anos. Eu, sabendo disso, não me mostrei apaixonado em nenhum momento. Apaixonado não. Interessado sim, e muito. A todo o tempo eu dizia abertamente que queria muito encontrá-lo, e que acreditava que tínhamos algumas coisas em comum.

O primeiro convite foi para um show de samba. Mas ele gostava de rock! (Nosso amor é assim... sua guitarra com o meu tamborim). Fui sozinho.

Gastei parte do meu salário comprando créditos para o celular, sem falar da conta do fixo, e da bronca da mãe “-Olha o preço dessa conta! De quem é esse celular?”. Mas valia a pena... Nossos papos eram bem legais...(Seu coração é rock n’roll e o meu é samba, mas a gente tá afim).

Confesso que nunca fui tão seguro em minhas atitudes quanto fui com ele. Eu falava de forma firme, deixava claras minhas intenções com relação a ele. E, embora estivesse quase apaixonado, não deixava isso transparecer, justamente por saber que não queria se envolver.

Uma “festa” na casa de um amigo foi o segundo convite. Ele aceitou. Estava quase tudo certo, quando a festa foi desmarcada. Nossos horários durante a semana não coincidiam, então o jeito era esperar pelo próximo final de semana.


Enfim o sábado chegou. Saí de casa debaixo de chuva. Nos encontramos molhados, no lugar combinado. Nessa hora eu fiquei um pouco tenso, afinal, ele disse não se lembrar de mim. Eu também não me lembrava perfeitamente quem ele era. Na hora pensei “e se ele não gostar de mim?”, mas continuei firme. Ele não aparentou não ter gostado. Conversamos como amigos. Falamos sobre trabalho, estudos, timidez, relacionamentos, cervejas, etc...

- “Tô com vontade de fazer uma coisa que não dá pra fazer aqui” - disse, surpreso comigo mesmo, enquanto estávamos num bar.
- “ O quê?” – perguntou.
- “Te dar um beijo” - respondi meio sem graça.
Pagamos a conta e fomos procurar uma boate onde pudéssemos terminar o que nem tinha começado. Acabamos no mesmo lugar onde nos conhecemos. Lá, ele continuou a beber e...

Rafa continuou aquele mesmo jogo do “tenho, mas não dou”. Consegui roubar um beijo, meio forçado. Senti que ele não estava afim, mas, sei lá por que, deixei rolar. Continuei demonstrando meu interesse. Enquanto ele seguia “fugindo” das minhas investidas.

Fui ao banheiro. Ele me esperou na porta e assim que saí, ele me puxou para um canto mais vazio da boate e disse que queria conversar comigo.
- “Eu não quero que você fique chateado comigo...”- começou

Nesse momento eu já sabia que aquela noite eu, literalmente, saí de casa para “dançar”.
Ele falou que não rolava. Que não “bateu”. Minha vontade naquele instante foi de sumir. Me deu vontade de chorar... Aparentemente tranqüilo, eu disse que “tudo bem”. Disse que ia embora e ele pediu pra eu ficar. Mas não tinha mais clima... Fiquei meio que por obrigação. A noite perdeu a graça.

... Agora sei que o amor
É um sabonete dentro d'água
Quanto mais a gente agarra
Mais ele nos escapa...



Saímos da boate às 4 da manhã e paramos em uma lanchonete. Enquanto ele lanchava, eu o observava. Tinha perdido até o apetite. Ele me falou o que sentiu e disse que o que me faltou foi deixar claro o meu interesse por ele.

Não acreditei que, dessa vez, eu tinha errado por falta de interesse! Por fim, ele disse que eu agi como uma pessoa promíscua, que, na falta de um Rafael, me envolveria facilmente com um Gabriel, um Miguel ou outro anjo qualquer...

Putz! Não era isso! Só não quis demonstrar meu interesse por medo de assustá-lo. Nisso ele concordou comigo. Concordou que, se eu dissesse que estava apaixonado ou que o quisesse como namorado, ele ficaria receoso. No fim, percebi que isso foi apenas uma desculpa.


...Agora sei que o amor
É um sabonete dentro d'água
Quanto mais a gente agarra
Mais ele cai da nossa mão...



Foi inevitável o pensamento de como nos conhecemos. Ele, como uma (desculpa a expressão) puta, bêbado e se esfregando em mim... E EU sou o promíscuo da história??!
- “A gente pode sair daqui e transar, se você quiser...” – ele me disse.
- “Transar? Mas você não me deu nem um beijo!” – falei
- “Eu sei separar beijo de sexo. O beijo é uma coisa muito mais importante, muito mais íntima... o sexo pode ser feito com qualquer um” – explicou
- “Ah... eu não penso assim, e, desse jeito, sou eu quem não vou querer” - terminei o assunto.

Na despedida, aquele papo de sempre: “Podemos ser amigos”. “Não vamos perder o contato”. “Você é uma pessoa especial”. E aquele tanto de outras coisas que já me cansei de ouvir... Voltei pra casa acabado, enquanto ele entrava num taxi sem nem me dar um abraço.

No outro dia, mandei um email, pedindo desculpas. O pior de tudo, é que eu não consigo tirar de mim a sensação de que tudo deu errado por minha causa. Fui eu que, mais uma vez, agi de forma errada... Fui eu que fiz não dar certo. Disse que, queria conversar com ele, mas que estava sem coragem.
Toda a semana seguinte eu pensei nele. Mais do que eu devia, e mais do que ele merecia. Um dia, abrindo o MSN, recebi uma mensagem: “Ainda sem coragem” – dizia ele.

Liguei pra ele:
- “Oi, tudo bem? Você pode falar agora?” – perguntei
- “Mais ou menos... Tô saindo da faculdade agora”
- “Quando chegar em casa, me dá um toque então. Eu te ligo e a gente conversa...” – disse.
Ele concordou.

Mais de um mês depois, ele ainda não me avisou que chegou em casa. Não me recordo de ter lido, visto ou, nem mesmo ouvido falar em nenhum acidente de carro acontecido naquela noite. Creio então que, se não foi nenhuma morte súbita, ele está vivo. Se ele está vivo e não entrou em contato comigo, acho que é hora de sair de cena, né?!

O anjo Rafael se foi assim. Tão de repente quanto apareceu.

...Agora sei que é bom
Que se perca a ingenuidade
Ainda que a gente queira
Acreditar em ilusão...


Até a próxima!

10 comentários:

FOXX disse...

sim... é preciso jogar certos sonhos fora


não... não foi sua culpa se um idiota te acha promíscuo e depois te convida pra fazer sexo


talvez... talvez ele tenha morrido, duvido q ele consiga caminhar e respirar ao mesmo tempo...

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

uando um relacionamento dá errado mesmo antes de começar não existe culpa... existe: não era pra ser. resta-nos aceitar e seguir em frente. quem vive de passado é museu (e o Foxx rsrsrs).. e viado é igual biscoito... vai um vem oito... hehehe.. bjocas

Leo disse...

ai Theo.. que merda!
Acho que vale a pena penerar os sonhos. Sonhar por sonhar nao nos leva a lugar nenhum. Mas não sonhar também não nos tira do lugar.
Sonhe, mas com coisas que leve pra frente! E deixa os babacas pra trás!
abs

Antonio de Castro disse...

aiai

eh xato qd a gente sabe q a gente eh responsável pelo estrago na nossa vida
dah uma depre q eh uma merda

mas naum fik assim naum

vc eh especial e vai msm encontrar alguem
q t queira sóbrio e naum fike se esfregando em vc soh qd tah doidão

xx

Anônimo disse...

ADOREI O POST




HAIRYBEARS
http://hairybears.blogspot.com/

Airton Jr disse...

a grande verdade é que caíste em mais um dos truques da vida, daqueles que nos enganam e nos deixam arrasados depois. esse medo que as pessoas tem de se envolver reprime qualquer sentimento bonito e o que as pessoas passam a vizualizar é somente o prazer sexual e carnal, que é saciado em pouco tempo e depois é abandonado como se fosse uma latinha de coca-cola vazia.
Não acho que tem culpa de nada. Fez o que achou que era certo. E pelo que parece, ele também parecia ter demonstrado interesse senão não teria deixado isso se prolongar tanto.
Não se culpe. E não confunda sonhos com ilusões.
^^

Luan disse...

a gente tem q ser responsavel pelos atos.

e relaxa q isso passa viu?

bração!

Pedro disse...

O foxx me indicou seu blog, para mais um blogueiro mineiro heheh...

e minha grata surpresa foi sua história, mega parecida com uma que aconteceu comigo, trocando nomes e lugares, a base foi a mesma, fiquei esperando a ligação...

meses depois um encontro ocasional, me surpreendeu, tremi, mas sabia há tempos o que ele iria falar e foi exato:

_ E aí, vc sumiu!

Putz, eu sumi??? Dava pra ser menos filho da puta! Foi o que eu pensei, mas não tive coragem de dizer, por causa da maldita esperança...

Foi difícil pra desencanar viu...

Abç!

Lucas disse...

Aparece Theo! 1 mês sem post seu! Saudade das suas histórias.

Abração