Querido Terrance,
Eu amo você demais. Você tem sido tudo. Um coração aberto e emocionalmente disponível, apoiador, cuida e realiza as coisas por mim. Eu fiquei aproximando e afastando você de mim, mas eu me lembro como foi bonito adormecer no seu sofá e chorar na sua frente pela primeira vez. Você foi a melhor plataforma da qual eu pude pular além de mim mesmo... o que havia de errado comigo?
O Junior foi o primeiro possível relacionamento que eu estraguei.
“Possível” relacionamento porque, na verdade, a gente não teve muito tempo pra se conhecer muito bem.
Nos conhecemos numa boate. E eu até que demorei bastante pra tomar alguma atitude. Demorei a perceber que ele estava realmente olhando pra mim. Então, com uma cerveja na mão, mostrei-lhe a garrafa e ofereci um gole. Ele riu. Beijo.
Nunca beijei tanto em uma única noite. Nós, na verdade, quase não conversamos. Foram só beijos. Muitos beijos... Uma noite inteira de beijos.
Saímos de lá de manhã e, no caminho até o ponto do ônibus, pudemos conversar.
Troca de telefones e a promessa de que me ligaria durante a semana para que nos víssemos novamente. Eu fiquei feliz.
Ele me ligou no dia seguinte. Eu continuei feliz.
Não achei que ele fosse mesmo me telefonar. A conversa fluiu bem. Perguntas “fofas”, - do estilo Como vai o seu domingo? – dominaram a maior parte da conversa. Então ele disse que gostou muito de ter me conhecido na noite passada, e que queria me ver novamente. Eu fiquei ainda mais feliz.
No fundo, já estava quase me considerando ‘namorando’, mas o bom senso (Sim! Acho que ainda tenho um pouco disso) me fez não ter muitas esperanças.
Mas ele era sempre tão fofo. Falava coisas bonitas... Me ligou dois dias depois do primeiro encontro na boate.
O encontro na rua, na porta de um shopping, foi meio sem graça. Eu fiquei mais tímido do que esperava até porque, na verdade, não sabíamos nada um do outro. Fiquei sem saber se devia, ou não, agir como um ‘namoradinho’, dando beijos ou dizendo coisas que ‘namoradinhos’ dizem quando se encontram.
A verdade é que tenho a sensação de que o segundo encontro foi uma surpresa tanto pra mim quanto pra ele. Querendo ou não, a cerveja e a escuridão da boate podem dar uma favorecida em algumas situações. Situações, por exemplo, em que o príncipe, muitas vezes, tem cara de sapo.
Ele não era feio. Mas também não era tão bonito quanto pareceu há dois dias atrás. Eu também não era feio. Mas, certamente, a luz – ou a falta dela -me favorecia.
Caminhamos até o bar. Logo na entrada, ele pediu um abraço. Eu o abracei. Forte. E nos beijamos...
“Se houvesse um concurso de beijo na boate, certamente o primeiro lugar seria nosso” – Ele disse.
Eu sorri. Acho que estava ficando menos tímido. Isso poderia ser um problema.
[Às vezes sou um pouco Emília. Abro minha torneirinha de asneiras e desando a falar. Hoje eu sei que assuntos como “namoro” e “verdadeiro amor” devem ser descartados num primeiro encontro. Num segundo também. Ou até mesmo num décimo...]
Ele era mais velho que eu. Quase trinta. Assim, a conversa foi cheia de “conselhos” e papos bem cabeças. Isso é outro problema.
[Quando a pessoa me dá a liberdade, eu logo acho que já somos melhores amigos e, assim, o fluxo de asneiras da minha torneirinha costuma aumentar um pouco. Um pouco.]
Logo o assunto caiu no Carnaval. Ele disse que, talvez, iria pra um sítio com uns amigos. E que, caso não fosse, ele queria me ver todos os dias. Fofo, né? Tão fofo que eu acreditei...
E esperei.
No fim de semana ele me liga dizendo que iria pro sítio. Que, na volta, teria que ir à sua cidade (que fica a algumas poucas horas da Belo Horizonte), que ficaria com saudade de mim, que eu deveria ter juízo na sua ausência, e que queria que eu me comportasse bem durante o Carnaval.
[Precisava pedir? Numa altura dessas, eu já me imaginava, praticamente noivo. “Na volta do Carnaval, ele me leva pra cidade dele e me apresenta aos seus pais. Depois é só conversar com o povo aqui de casa e me mudar”. Estava pensando, mais ou menos assim... Mas quando ele ia pedir pra ficarmos noivos, eu caí da cama e acordei.]
O Carnaval passou e acho que ele encontrou algum Pierrot mais bonito que eu lá pelo sítio... Nunca mais me ligou. Deixou um recado pelo Orkut, dizendo que precisava resolver as tais “coisas” lá na cidade dele e que, na volta, a gente se falaria.
Acho que ele ainda não voltou de lá. Até ontem. Hoje, sei lá, pode ser que ele me ligue...
Fiquei apaixonadinho por uns tempos. Insisti em scraps, emails, SMS, mas depois eu percebi que tinha acabado.
Não me lembro de cobranças excessivas, mas sei que alguma coisa eu fiz de errado... Ou talvez não! Talvez só não tivesse de ser mesmo.
O que sei é que ele se aproximou e se afastou de mim tão rápido. O que havia de errado comigo?
Abraços!
Até a parte quatro.
10 comentários:
qrido, sinceramente, nessa estória eu não vi absolutamente nada de errado de sua parte, mas as vezes, "a vida é cheia de desencontros".
Você tem que parar com isso. De achar que fez alguma coisa errada. Você não fez nada de errado. Erro é o que esses homens-cachorros fazem. Não sei se por covardia, medo de dizer não cara-a-cara. Por que será?
Agora, o homem que vai gostar de você, que vai te ligar no outro dia, e no outro... é o homem que vai gostar de você com todos os seus "erros". Não existe fórmula secreta pra manter ninguém. Você morre de saber disso, mas às vezes é bom lembrar: quem gosta de verdade da gente nos aceita do jeito que somos DE VERDADE.
Vc não errou em nada ... mesmo q tivesse errado, qdo existe emoção envolvida, os erros são discutidos e relevados ou até mesmo perdoados ...
Gostar de alguém exige fundamentalmente isto ... aceitar-nos tal e qual somos ... com nossas virtudes e nossos defeitos ...
bjux
;-)
vc sabe q não teve dois encontros, a boate foi acidental, não foi um primeiro encontro.
cara, eu encontrei alguém q viaja mais do que eu.
isso me consola.
O que não é nosso não nos perence. É de uma redundância, mas de uma verdade essa frase.
Até a próxima.
Talvez eu seja suspeito pra falar disso, porque eu vi a historia e acompanhei de perto. Eu estava lá.
Mas sei lá, voce nao errou e tbm pode nao ter acertado.
A maioria diz que é dificil, encontrar alguem em boate e tals, é verdade.
Mas pode acontecer.
Segundo encontros de boate é raro, e quando voce ve que realmente vai ter um, a esperança aflora, algo como: Será que fulano é gente boa? Super Normal.
Sei lá e acredito que o ponta pé para que talvez surgisse algo, veio da boate. entao eu acho que foi um primeiro encontro. rsrs =P
Talvez acidental, mas teve e junto com ele veio outro, nao deu certo mas poderia.
=D
Abraçao!
Que surpresa boa a sua visita lá no meu blog! Comentário lindo! Li a sua série "sobre pessoas" e fiquei pensando: verdades inventadas ou invenções verdadeiras? No final, lembrei da Alice Ruiz: "que importa, se tudo vibra?". Continue reverberando!
A vida é cheia de encontros e desencontros, mas a gente sempre segue e frente, de jeito ou de outro.
E errado é achar que fez algo errado.
Theo!!!! Eu me identifico mtooooooooo com o que vc posta!!!! Cara vc é mto parecido comigo!!!!!!!
Por favor, urgente!
hoje todos os jornais estão divulgado MAIS UM ataque na região da Paulista, na Frei Caneca, um skinhead com soco inglês…
E estamos perdendo feio lá no site do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catariana, a maioria na enquete é contra a PL 122/2006. Eu fico me perguntando do que essa gente tem medo. Quem puder, entra lá e vote “SIM”, por favor..
http://www.crpsc.org.b
Outra coisa, nem sei se gostam do Jabor nestas bandas, mas o que ele falou e como falou hoje, em nossa defesa, em “Covardes atacam homossexuais corajosos” merece emoção e aplausos. Ouçam no link abaixo:
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/arnaldo-jabor/2010/12/10/COVARDES-ATACAM-NOS-HOMOSSEXUAIS-CORAJOSOS-A-POPRIA-MISERIA-SEXUAL.htm?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter
Obrigado!
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
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